terça-feira, 2 de abril de 2013

Pertencer a Cristo




Até mesmo ímpios desejam ser salvos do inferno. Ao ser informado de que a justa pena aplicada por Deus por uma vida de pecado é o tormento eterno no lago de fogo, o primeiro desejo do ser humano é fugir. Inúmeras pessoas motivadas apenas pelo egoísmo de não querer sofrer já buscaram algum conforto no evangelho.

Certamente pessoas foram e ainda serão salvas achegando-se ao evangelho com motivações egoístas. Verdade também é que essas motivações serão transformadas na regeneração e mortificadas na santificação - Rm 8v13.

Cristo, ao nos salvar da ira do Pai, nos salva também da miserável escravidão do ego na qual nos encontramos a parte d'Ele. O novo nascimento transforma o âmago do ser humano - muda sua mente. Aqueles que antes amavam e viviam para si mesmos, agora passam a amar e viver por Aquele que os amou primeiro - 1 Jo 4v19. O mundo continua vivendo para si mesmo, mas quando a verdade da Escritura é aplicada ao coração do homem pelo Espírito Santo, ela o guia a "amar a Deus de todo o coração, todo entendimento, toda alma e todas as forças; e amar o próximo como a si mesmo" - Mc 12v33¹.

Esta verdade que traz vida ao pecador é a obra de Cristo - o maldito sobre o madeiro. Jesus Cristo morreu por um objetivo específico e ao pensarmos sobre isso, nossa inabilidade em cumprir os requerimentos da lei divina é o que se destaca - Gl 3v13. A nossa situação, nossa necessidade e aquilo que recebemos nos é diretamente comunicado - precisamos de um salvador e Jesus realmente nos salva; mas a história não acaba por aqui.

"Ele morreu por todos² para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos,
mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" - 2 Co 5v15.

O sangue de Cristo não foi derramado apenas para nos salvar da nossa triste condenação ou nos dar privilégios. Ele comprou para Si mesmo a igreja de Deus, para que esta viva por Aquele que a comprou com o Seu próprio sangue - At 20v28.

Comumente coloca-se a ênfase da obra da cruz sobre os benefícios desta e não nas consequências, porém o próprio Cristo deixou-nos ambos explicitamente claros: "Quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará" - Mc 8v35Mt 16v25 e Lc 9v24. As consequências do evangelho afetam toda a vida do homem - e não somente a vida mas também a morte. Muitos cristão já morreram e ainda muitos morrerão pelo fato de não negarem que pertencem a Cristo.

Para que ficasse claro que cristãos não são apenas seguidores ou receptores de bençãos, mas sim propriedade divina; Deus inspirou Paulo a escrever isso aos Coríntios como também aos Romanos: "Nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si. Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor. Por esta razão Cristo morreu e voltou a viver" - Rm 14v7-9.

O senhorio de Cristo não é algo que podemos adaptar a nossa própria agenda, algo que irá se amoldar aos nossos próprios planos e objetivos. Jesus morreu para vivermos para Ele, para fazermos tudo convergir para Sua glória. Não para vivermos no mesmo egoísmo de antes, mas agora sem o peso da condenação; mas para que cada mínima coisa em nossa vida O glorifique - Rm 11v361 Co 10v31.

Jesus "morreu e ressuscitou" para vivermos por Ele. Toda nossa devoção nunca será vã por que Cristo ressuscitou -1 Co 15v14! E não apenas isto, Ele está a direita do Pai intercedendo por nós - Rm 8v34 - até que chegue o tempo em que Cristo cumprirá a Sua promessa: "Voltarei e os levarei para Mim, para que vocês estejam onde Eu estiver" - Jo 14v3.

Examinemo-nos - 2 Co 13v5! Como cristãos continuamos vivendo para nós mesmos? É nosso dever abraçar toda a verdade da Escritura - ortodoxia - e vivê-la praticamente dia após dia - ortopraxia - Tg 1v22. Consideremos portanto o nosso Senhor a cada momento, consideremos Seu senhorio e Sua suficiência.

Na nossa vida e na nossa morte levemos em consideração nosso proprietário. Cristo nos é suficiente! Ele é a fonte de águas vivas, jamais teremos sede outra vez (v. Jo 4v14)! Ele nos liberta do nosso egoísmo doentio, jamais teremos de cavar nossas próprias cisternas outra vez (v. Jr 2v13)!
Somos d'Ele e n'Ele temos tudo o que precisamos.

1.  Versão Almeida Corrigia Revisada e Fiel. Os demais versículos seguem a Nova Versão Internacional.

2.  Meu objetivo neste artigo não é discorrer sobre a abrangência da expiação. Para uma breve apresentação deste versículo sugiro a leitura da quarta parte do livro "A morte da morte na morte de Cristo" de John Owen, disponível gratuitamente em nosso website.

Por Thiago McHertt | Em Agosto de 2012 | Artigos.

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