sexta-feira, 31 de julho de 2015

A Jóia

Atravessando o deserto, um viajante viu um árabe sentado ao pé de uma palmeira. A pouca distância repousavam os seus cavalos, pesadamente carregados com valiosos objetos.

Aproximou-se dele e disse:

— Pareceis muito preocupado. Posso ajudar-vos em alguma coisa?

— Ah! — respondeu o árabe com tristeza — estou muito aflito, porque acabo de perder a mais preciosa de todas as jóias.

— Que jóia era essa? — perguntou o viajante.

— Era uma jóia como jamais haverá outra — respondeu o seu interlocutor. Estava talhada num pedaço de pedra da vida e tinha sido feita na oficina do tempo. Adornavam-na vinte e quatro brilhantes, em volta dos quais agrupavam-se sessenta menores. Já vereis que tenho razão em dizer que jóia igual jamais poderá reproduzir-se.

— Por minha fé — disse o viajante — a vossa jóia devia ser preciosa. Mas não será possível que, com muito dinheiro, se possa fazer outra igual?

Voltando a ficar pensativo, o árabe respondeu:

 — A jóia perdida era um dia, e um dia que se perde jamais se torna a encontrar.